des pedaço
para Hipátia
ou uma ode à mortalidade
Proposta de encenação


Atriz tenta reviver Hipátia, filósofa assassinada há mais de 1500 anos,
e se depara com sua própria mortalidade. E a de todos nós.
(SINOPSE)
"É um espetáculo para todos, porque somos todos mortais e, acima de tudo, porque estamos a carecer de coletividade.O filósofo norte coreano Byun Chull Han em sua obra 'Favor Fechar os Olhos' assevera que só em uma sociedade atomizada se conclama a tanta empatia, porque quando em coletivo somos uma caixa de ressonância na qual palavras são desnecessárias. Voltemos a nos reconhecer em nossa pequena grandeza
permeada pela finitude."
Amanda Steinbach
(diretora do espetáculo)
A encenação convoca a plateia a partilhar os desafios de criar uma vida e de, por tanto, lidar com a mortalidade de todos nós e com os nossos lutos. Além disso, desafiados pela violência da morte de Hypatia, acusada como feiticeira e assassinada por um grupo de extremistas religiosos pouco antes da inquisição se estabelecer, somos o tempo todo lembrados de questões ainda contemporâneas: a terrível tentativa de anular politicamente as minorias, a perseguição ao pensamento científico, à educação e às mulheres. O que mudou, e o que ainda segue sendo determinado pelas tiranias que nos antecederam e formaram enquanto sociedade?
Ao mesmo tempo nos permitimos encantar pela mágica do encontro teatral e nos conectamos, a partir das questões levantadas pela filosofia de seu tempo, à questões universais e a beleza dos encontros e da busca pelo conhecimento a serviço do Todo, da Natureza, do Universo.
A peça é, por fim, uma ode à mortalidade. Um encontro com nossas fragilidades e nossas potências enquanto seres humanos vivos. Por enquanto.
CENARIO, FIGURINO, LUZ E MÚSICA
Neste embates da “eu-atriz” em processo conflituoso para se tornar “eu-Hypatia”, que chamaremos de violência, a atriz é fisicamente centrifugada do centro da cena que parece a repelir. Ou ao qual ela parece repelir. Estes momentos são construídos pela perfomance e pela luz e música fragmentadas. Interferências que tornam Luz e Música protagonistas da cena. Condutores. Para a música, que aparecerá fragmentada/despedaçada, a referência base é a canção“All of me” tocada por Louis Amstrong. Essas interferênciass sonoras invadem também momentos da “eu-Hypatia” atravessados e fragilizados pelos conflitos e questionamentos da “eu-atriz”.
Na sua primeira tentativa, a “eu-atriz” pega no canto da cena o figurino de Hypatia. Inspirado pelo icônico desfile “a costura do invisível” do estilista brasileiro Jun Nakao. Sugerimos um colete de papel que se destruirá ao longo da peça com as movimentações da atriz. Revelando a efemeridade da vida e a impossibilidade e rematerializar a existência de alguém.
As referências estéticas são algumas imagens de roupas da época que a personagem viveu em Alexandria e que possuem dobras interessantes que dialogam com as roupas do estilista. Mescladas aos aventais-coletes de professoras do colégio. Pode ser interessante que o papel for utilizado seja branco ou de um tom claro (creme, marfim,bege) e por dentro laminado/espelhado, talvez em vermelho de forma a revelar luzes quando está se desfazendo e dialogando com o móbile.
Quando “eu-Hypatia” toma pela primeira vez o centro da cena, um ritual-perfomance acontece,e um grande móbile alto no centro do palco se revela pulsando até ficar completamente aceso.
No momento em que a presença de Hypatia se materializa por completo, e a atriz entra no foco de luz central, esse mobile também está com a iluminação em toda sua potência.A ideia é um móbile de peças vermelhas, pedaços espalhados que formam um grande espiral. Inspirado na instalação True Rouge do artista brasileiro Tunga no Inhotim .
Antes imperceptível no escuro, o móbile aparece formando um espiral crescente que desenha junto ao foco de luz uma ampulheta no centro do palco. Agora o palco todo é de Hypatia e somos transportados a um tempo teatral, universal, filosófico. Estamos na universidade de Alexandria. A luz é outra. E a presença do móbile pulsa a energia que alimenta esta presença.
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REFERÊNCIAS TEÓRICAS E ESTÉTICAS
Além destas, seguem abaixo por diversas referências teóricas e imagéticas que influenciaram diretamente na criação da dramaturgia:
Filosofia contemporânea
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Byung-Chul Han, principalmente, ’Psicopolítica ’, ‘A dor hoje’, ‘Em busca de um outro tempo’, ‘ O desaparecimento dos rituais’, ‘Favor fechar os olhos’ e ‘Sociedade paleativa’.
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Chimamanda: feminismo e luto principalmente na obra ‘Notas sobre o luto’.
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Silvia Federici‘: feminismo e história "Calibã e a bruxa’
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Ana claudia Quintana arantes: luto, principalmente em ‘A morte é um dia que vale a pena ser vivido’
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Livro de artigos filosóficos ‘Sobre a morte: Invariantes culturais e práticas sociais’ com diversos autores.
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Deleuze e Guatarri: particularmente os conceitos "devir" e de "corpos felizes"
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Spinoza: principalmente “a ética”
Performance feminista:
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Eleonora Fabião
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Berna Reale
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Sophie Calle
Artistas visuais brasileiros:
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Ernesto Neto
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Tunga
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Jun Nakao(estilista)
Dramaturgias contemporâneas
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Mohamed El Khatib ‘É a vida’ (teatro)
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Ettore Scola ‘Que estranho chamar-se federico’ (cinema)
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Wajdi Mouawad ‘Incêndios’ (teatro)
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Janaina Leite ‘Stabat Mater’,
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'Eu Não Dava Praquilo' Cássio Scapin a partir da biografia da atriz Myriam Muniz. (teatro)
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"Viver sem tempos mortos” de Fernanda montenegro a partir de cartas de Simone de Beauvoir (teatro)
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"Bispo do Rosário" de João Miguel (teatro)
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"Madame Blavatsky - amores ocultos" de Mel Lisboa (teatro,2023)
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"Pagú- até onde chega a sonda" de Martha Nowill (teatro,2023)
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"Coro dos amantes" de Tiago Rodrigues (teatro,2023)
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"A cerimônia do adeus" de Mauro Rasi (teatro,2023)